segunda-feira, 13 de julho de 2009

A primeira morte

Os olhos abrem com dificuldade
A luz desconhecida é cegante.
O ar falta aos pulmões
Um tapa faz derramar as primeiras lágrimas.
Está sujo, nu e exposto
Analisado da cabeça aos pés a procura de defeitos
O cheiro de éter entorpece
As muitas vozes assustam
Um colo de mulher acalma
Suas feições não reconhecidas, mas estranhamente cúmplices
Um homem e uma tesoura, sua voz é familiar
O corte é seco e dolorido
Vínculos do passado cortados a sua revelia
Transformação. Morte.
Agora é um individuo e não mais extensão
Está definitivamente só.
Chorando protesta
Mas não existe volta
A partir desse momento se torna uma marionete do destino.
E percebe tardiamente
Que à hora do nascimento será a metáfora de sua vida