sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Frankstein

Estou sempre apaixonado. Um estalo hipnótico e lá vou eu atrás da musa inspiradora. Posso ficar horas sentado na calçada observando o movimento de seu corpo. E tal qual um pintor que retrata a beleza em formas curvilíneas, eu escrevo, escrevo e escrevo... Ouço uma voz em melodia, vejo um cabelo esvoaçante ou um cheiro que embriaga e estou amando.
Me apaixono tanto que me considero inapto ao amor social. Aquele amor cheio de regras pré-fabricadas pelas igrejas/castas tradicionais. Não pensem que sou um devasso conquistador que vê o sexo como a única forma de relacionamento. Não. Ao contrário disso, eu amo com todos os poros do corpo. Sinto as dores, as saudades, as oscilações de humor, os medos, a bobeira estampada na cara.... O problema é que esse amor dura o tempo necessário pra nascer um poema. Todos os meus amores “ganharam” um poema. Depois que “meu filho nasce”, parece que não preciso mais da “mãe”.
Egoísmo? Talvez. Mas posso jurar que tudo que sinto é verdadeiro até se tornar concreto em palavras. Daí procuro outras musas como um faminto revira latas de lixo.
Tenho também dificuldade com nomes. Raramente me lembro de algum. O que fica em mim é a característica marcante. Como um caricaturista desenhando, eu me concentro no que me chama mais a atenção. Os cabelos cacheados, olhos verdes, pernas roliças... Cada uma com um pedaço que me encanta. E quando estou solitário releio esses poemas e me sinto um Frankstein do amor, montando a mulher “perfeita”.

Ela existe? Não sei. Mas se existir será a única que amarei

Um comentário:

  1. Eu tb me apaixono muito. Antes brincava de "Uma Paixão por Dia", mas agora a coisa tá mais complicada. Pois me apaixono e não desapaixono, fico com o coração lotado e aí, aja escrever para me libertar! bjs

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