sábado, 31 de janeiro de 2009

O impossível

Hoje vou sair e tomar um porre daqueles. Fazer todas as bobagens que puder. Amanhã quero vomitar as tripas na esperança que saia de mim também esse enjôo que estou sentindo. Minha vontade é estapear essas pessoas hipócritas que cismam em se manter ao meu redor. Estou cansado de elogios bajuladores, comentários politicamente corretos, sorrisos pérfidos e concordâncias interesseiras.
Acordem zumbis! Posar de bonzinho é patético. Tanto quanto forjar uma felicidade estando com vontade de se atirar pela janela. Rebelem-se! Assumam as dores, amores, culpas, medos, ciúmes, cóleras... Isso que nos torna humanos. Peguem o lado difícil de suas vidas e transformem em poesia, impulso para crescer, em qualquer coisa... Menos desculpa para prostração.
Estou cansado. Quero ao meu lado quem me desafie, diga não, me indique livros ou músicas, que me faça andar para frente. Quem não tenha medo da chuva, de bala perdida ou do amor. Quero quem brilhe em sua própria luz e não quem seja a sombra sedutora de outros. Quero poder ficar em silêncio sem constrangimentos, quero risadas sonoras e puras, quero filhos feitos por amor.
Cansei... De olhares desviados, frases dúbias, tapinhas nas costas. Quero ouvir xingamentos se merecer. Melhor que a humilhação em forma de piedade performática. Quero marcar a vida de meus amigos, ser amado e inesquecível para alguém. Não um lindo quadro que serve apenas para ser admirado. Quero quem ame Deus, não o tema. Quem aprecie o vento no rosto. Quem tenha cheiro de aconchego.
Estou deprimido. Farto de mentiras. Cheio de coisas supérfluas. Exausto de falar em vão. Esgotado do tédio dessa vida ilusória.

Um comentário:

  1. Desculpa te elogiar, mas merece mais uma vez, belo texto!
    Quando o mundo em sua volta cheira a falsidade, é isso mesmo que ocorre, você prefere ser maltratado do que ser consolado por uma mentira.

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